Moradores da região de Arembepe, no município de Camaçari, estão vivendo há dias com restrição ou falta completa de água em suas casas. Na Rua Piruí, há pelo menos 15 dias o fornecimento começou a se tornar precário. Há cerca de uma semana, a água parou de subir para a caixa d’água do professor Elcio Ricardo, de 43 anos, que afirma que nos últimos três dias está sem uma gota do líquido em casa.
“Eu não sei o que é água das minhas torneiras há pelo menos uns seis dias ou sete. Só que de uns quatro dias para cá, ficou pior porque nem água da rua está entrando. Minha água acabou hoje e eu estou tentando alguma forma de arrumar uma água para encher pelo menos os baldes para poder tomar banho, lavar roupa e fazer o mínimo. Ainda não achei uma solução”, relata.
De acordo com a Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa), houve redução da quantidade de água distribuída por conta de um poço que havia parado no sistema Machadinho Norte. Segundo a empresa, o poço já voltou a operar. Com isso, o fornecimento de água na localidade de Arembepe já está 80% regularizado e deve chegar a 100% de normalização nas próximas 48 horas.
A Embasa ainda esclareceu que a redução da quantidade de água distribuída não implicou em suspensão total do abastecimento. “Há uma diminuição na pressão da rede distribuidora e o fornecimento pode apresentar interrupções em alguns imóveis, especialmente aqueles situados em pontos altos. Por isso, a Embasa orientou os moradores a usar com economia a água armazenada nos reservatórios domiciliares”, diz em nota.
A versão de que não houve suspensão total do abastecimento é contestada pelos moradores. Um deles, que preferiu não se identificar, apontou que o problema tem impactado toda a vizinhança. “Diversos moradores da minha localidade estão cavando poços, colocando tanques subterrâneos. E até quem já tem tanque subterrâneo está contratando carros-pipas para poder suprir a falta, fora o impacto de não poder lavar roupas ou sequer poder beber água, ficando refém dos famosos galões de 20 litros. Minha mãe teve que ir lavar roupas no sítio da minha família em Porto do Sauipe”, conta.
O morador ainda acrescenta que a precariedade do fornecimento de água na região é antiga. “Desde que eu moro em Arembepe, em meados de 2011, falta água constantemente, principalmente na época do verão. Entretanto, esse ano o fornecimento está péssimo desde setembro. No último feriado, caiu água só até o dia 11 e depois [voltou] só dia 16”.
Para o professor Elcio Ricardo, a situação tem sido tão estressante a ponto de repensar a vida na cidade. “Ficar sem água está muito complicado. Arembepe é um lugar que eu amo morar, mas confesso que isso me tira a vontade de qualquer coisa aqui, porque ficar sem tomar banho e lavar louça me deixa doido”, pontua.
Em portais da cidade nas redes sociais, uma manifestação está sendo organizada com previsão para acontecer às 10h desta quinta-feira (2), embaixo da Passarela de Arembepe. O intuito é fechar a BA-099 e não permitir que nenhum veículo consiga ter acesso ao Litoral Norte da Bahia até que a situação seja regularizada totalmente. O CORREIO tenta contato com organizadores para confirmar se o ato vai mesmo acontecer.