Em mais um desdobramento da delação de Joesley Batista, o procurador Ivan Marx abriu nesta segunda-feira, 5, inquérito para investigar o suposto repasse em contas no exterior de US$ 80 milhões do Grupo J&F para os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, ambos do PT.
No acordo firmado pela Procuradoria Geral da República (PGR), Joesley afirmou ter sido criada, em 2009, uma conta destinada a repasses a Lula. No ano seguinte, a pedido de Guido Mantega, uma nova conta teria sido aberta para envio de valores à Dilma. Segundo o delator, os ex-presidentes petistas sabiam da existência das contas. Instaurado pela Procuradoria da República - por determinação do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF) -, o inquérito baseou-se na conexão dos fatos narrados pelos delatores com a Operação Bullish.
Deflagrada em 12 de maio, a operação da Polícia Federal mirou os aportes bilionários do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) na JBS. Em dezembro de 2010, afirmou Joesley, o BNDES adquiriu debêntures da empresa, convertidas em ações, no valor de US$ 2 bilhões, 'para apoio do plano de expansão' da hoje maior processadora de carne do mundo. Em troca desse aporte, a JBS teria depositado US$ 50 milhões em conta de Lula no exterior. Joesley declarou ter conseguido um financiamento de R$ 2 bilhões, em maio de 2011, para a Eldorado Brasil, produtora de celulose e eucalipto da J&F, com a ajuda de Mantega, que “interveio junto a Luciano Coutinho (então presidente do BNDES) para o negócio sair”.
Por conta desse aporte e a “pedido de Mantega”, o empresário declarou ter depositado US$ 30 milhões em conta de Dilma no exterior. Defesa Por meio de sua defesa, Lula disse que “só vai fazer comentário quando tiver acesso ao material, mas reitera que Lula é inocente.” A ex-presidente Dilma Rousseff afirmou, por meio de sua assessoria, que é “fantasiosa a versão de que seria beneficiária de conta na Suíça, ainda mais sob a titularidade do senhor Joesley Batista”.
Dilma nega que tenha recebido qualquer benefício pessoal do empresário, ainda mais financeiro. A petista diz ainda que não “tratou ou solicitou de qualquer empresário, nem de terceiros doações, pagamentos ou financiamentos ilegais para as campanhas eleitorais, tanto em 2010 quanto em 2014”.
Autoria: Estadão